22 de mai. de 2016

CLÓVIS BEVILÁQUA – I




– PEDRO LUSO DE CARVALHO

No ano de 1956 a José Olympio Editora publicou o livro intitulado Clóvis Beviláqua (1859 – 1944), escrito por Lauro Romero (filho do célebre escritor Sílvio Romero), com a introdução escrita pelo professor e jurista Hermes Lima, que se tornou muito conhecido por sua obra versando sobre Introdução à Ciência do Direito.
Na introdução à obra, diz Hermes Lima:

Penso que o leitor encontrará neste livro a melhor biografia de Clóvis Beviláqua, até agora escrita. Sem dúvida, nada lhe seria mais grato do que ver-se biografado por um filho de Sílvio Romero. Sua notável personalidade ressalta destas páginas, escritas com o fervor da mais legítima admiração, através dos múltiplos aspectos em que se desdobrou.

No meu entender, vale a pena explorarmos mais um pouco essa introdução feita pelo mestre Hermes Lima, que mais adiante diz:

Toda a atuação de Clóvis Beviláqua verificou-se no campo intelectual. A política não o seduziu. Não o seduziu a advocacia. Desde muito moço ocupa-se de questões gerais de filosofia, de sociologia, de direito e de literatura. Amanhecendo o seu talento no momento em que, neste país, triunfava o critério  científico evolucionista para o estudo dos fenômenos sociais, deixou  Clóvis Beviláqua neste terreno poderosa contribuição, que até hoje conserva valor e interesse.

Nessa introdução à obra de Lauro Romero, o prof. Hermes Lima fala do equilíbrio de Clóvis Beviláqua, do seu discernimento crítico com que conduz, desde suas primeiras produções, através de escolas e sistemas:

Filho da Escola de Recife, não conservou dela o tom agressivo, o gosto pela polêmica, a certeza desafiadora que caracterizavam um Tobias e um Sílvio. Mas, na ambiência dessa Escola, desprendeu-se dos velhos dogmas e das antigas posições que imobilizavam o pensamento nacional, constituindo-se mesmo num inovador de métodos, num desbravador de caminhos e num crítico de ideias gerais que ajudaram notavelmente a inteligência brasileira no seu esforço de revsão e renovação.

Para encerrar esta primeira parte da Introdução escrita por Hermes Lima, transcrevo mais um trecho, no qual ressalta a importância de Clóvis Beviláqua para a cultura do nosso país:

O tranquilo estilo da inteligência de Clóvis, a serenidade com que ocupou as suas posições escondem um pouco a face renovadora, quase diria revolucionária, de seu trabalho intelectual.
Ele, porém, é um dos construtores, e dos maiores, da concepção do mundo que a inteligência brasileira respirará do último quartel do século passado ao primeiro deste século [referência feita aos séculos 19 e 20].
Não significa que Clóvis Beviláqua se haja tornado inatual. De nenhum modo. Seu pensamento conserva as qualidades de clareza e discernimento que o ligarão ao que virá depois, porque sua obra tem, no campo brasileiro, algo da importância das fontes.

Na próxima edição de matéria neste espaço (Gazeta do Direito), o propósito é dar sequência à Introdução feita pelo professor Hermes Lima para o livro Clóvis Beviláqua, escrito por Lauro Romero.


REFERÊNCIA:
ROMERO, Lauro. Clóvis Beviláqua. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1956.

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